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(In)sustentabilidade na indústria da moda: caso Coach

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    Projeto Entre
  • 22 de out. de 2021
  • 3 min de leitura

Vídeo postado no TikTok se tornou viral e quase condenou uma das marcas de acessórios de luxo mais famosas do mundo da moda


Por Gabriela Vasconcelos


Composição por Vanessa Pinheiro


O estopim do quase “cancelamento” da marca de moda Coach se deu no dia 8 deste mês, quando a ativista judia Anna Sacks (@thetrashwalker) postou em seu perfil do TikTok um vídeo, de tom irônico, fazendo um unboxing de bolsas e sapatos da Coach, encontrados pela Dumpster Diving Mama (“Mamãe que Mergulha no Lixo”, em tradução livre) — revendedora de produtos descartados por lojas e que podem ser utilizados — nas lixeiras de um shopping em Dallas, em 31 de Agosto.


O que ninguém esperava é que todos os produtos estivessem cortados e danificados, completamente inutilizáveis. Durante o vídeo, Anna explicou que o ato de danificar os produtos é uma política interna da própria marca, que exige que os empregados cortem as mercadorias não vendidas de modo que ninguém possa usá-las. Segundo o Diet Prada, isso serve como uma brecha fiscal, pois com a destruição do estoque os varejistas pagam menos impostos e assim têm um lucro bruto maior.


Porém, essa política vai totalmente contra o discurso e ideais que a Coach diz levar em consideração. Em seu site oficial, na aba 'responsabilidade' a marca aponta orgulhosamente que em 2018 a Tapestry — holding multinacional americana de moda de luxo, da qual a Coach faz parte assinou o Pacto Global das Nações Unidas, que é basicamente uma iniciativa de sustentabilidade corporativa que alinha negócios, estratégias e operações com dez princípios de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Já em 2020 foi nomeada uma das Empresas Mais Sustentáveis ​​da Barron na América, além disso, a marca oferece um serviço de reparos, após a garantia de um ano ter expirado, os clientes poderão ter seus artigos consertados por artesãos da oficina Coach ao pagar um valor entre U$45 e U$110, apoiando assim a economia circular.


Vale refletir: tornar produtos — que demandam uso de energia, água, mão de obra, etc para serem produzidos e depois transportados até as lojas — obsoletos e afirmar lutar pela sustentabilidade e economia circular de certo modo soa como contradição, não é mesmo?


Após a repercussão do ocorrido a marca se pronunciou em seu perfil do Instagram, e afirmou que cessaram a destruição das mercadorias e estão dedicados a maximizar o reuso dos produtos em seu programa (Re)Loved, também continuarão a desenvolver e implementar soluções que ressignifiquem, reciclem e reutilizem produtos em excesso ou danificados. O post também trazia a informação de que no último ano a Coach doou produtos avaliados em mais de U$55 milhões para apoiar programas de educação, famílias de baixa renda, pessoas que passam por necessidades e aqueles que estão tentando voltar a trabalhar, o que causou um questionamento a alguns dos internautas se o pedido de desculpas era realmente sincero.


Infelizmente esse é apenas um dos diversos casos de insustentabilidade que assola a indústria da moda, situações parecidas aconteceram em 2017 quando a H&M foi acusada de queimar 12 toneladas de roupas novas anualmente, e no ano seguinte a Burberry — grife britânica — queimou U$37 milhões em produtos não vendidos. Para tentar evitar essa realidade, Sacks está criando uma aliança chamada Donate Don’t Dump (“Doe Não Jogue Fora”, em tradução livre) que visa criar leis para que as marcas não possam mais cometer esse erro. Em entrevista para o Diet Prada Anna disse:

“Em última análise, esperamos aprovar uma lei federal bipartidária e de bom senso #donatedontdump que feche a brecha fiscal (fraude fiscal em potencial) que os varejistas usam quando deliberadamente destroem itens utilizáveis” e finalizou dizendo “Deve incentivar a doação de itens físicos para que se torne a escolha óbvia para os varejistas.”

Para saber mais sobre a história e projetos de Anna Sacks acesse:

Referências:


PACCE, Lilian. H&M é acusada de queimar 12 toneladas de roupas novas por ano. Site Lilian Pacce, 18 de outubro de 2017.


YAHN, Camila. As marcas de luxo e sua prática de queimar estoque morto. FFW, 24 de julho de 2018.


Imagens:


Anna Sacks: reprodução Instagram/@thetrashwalker

Montagem máquina de costura: Fast Company/Auxins/Istock/Reprodução Carta Capital

Vídeo: reprodução TikTok/@thetrashwalker

Retratação Coach: reprodução Instagram/@coach


 
 
 

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